Atletas Azulinos, quem somos?

Dizem que falta “algo” para o Leão Azul conquistar identidade tática em campo, nesse Parazão.

É verdade! E ainda bem que a avaliação acontece exatamente no momento em que vocês, atletas azulinos, vão disputar a semifinal e a final da competição.

Afinal, o que é esse “algo” que nos falta?

Valores individuais? Claro que não. Nós, das arquibancadas, aprovamos as contratações feitas para 2003. E acreditamos nas potencialidades dos que ficaram. A história não mente: cada um de vocês, daqui ou de foram revestidos da camisa azul, tem valor reconhecido, alguns até com passagens por clubes de tradição de maior alcance que a do Clube do Remo. Portanto, ninguém está aqui à toa.

Ora, se temos valores, técnica reconhecida e história de luta, o que nos falta?

Talvez nos falte, atletas azulinos, brilho nos olhos. É isso mesmo. Nos falta aquele brilho que possibilita ampliar o alcance do que vimos e sentimos, dentro e fora das quatro linhas.

O brilho nos olhos é a porta da alma de um profissional, qualquer seja o seu ofício, jamais será bem-sucedido se lhe falta alma no exercício do que pratica.

O brilho nos olhos, que dá matéria e alma ao profissional, talvez seja o “algo” que identificamos e buscamos. Chegou a hora de enraizá-lo.

Esse é o momento de assumi-lo, de mudar a história.

Um time sem alma não tem identidade, não tem cadência nem coletividade. Mesmo que tente, acaba se resumindo num amontoado de atletas que não sabem de onde vieram nem para onde vão. É como um ajuntamento de instrumentos musicais tocando sem solidariedade. Não há orquestra. Se não há orquestra não há harmonia.

Falta-nos, atletas azulinos, a consciência efetiva de que somos capazes de mudar a história, o ritmo da postura em campo. Sim, precisamos deixar de lado as previsões que acabam deixando cabisbaixos e fazer valer a consciência da importância que cada um de nós tem.

Depois, juntá-la ao potencial do companheiro e dizer a todo mundo, adversários ou não, que somos capazes de ser eternos vencedores.

As previsões da imprensa, da torcida, de qualquer origem, podem muito bem tomar rumos adversos quando, em campo, nos impusermos, num claro recado de que vocês, atletas azulinos, têm uma história de luta que merece respeito. Talvez os adversários tenham assimilado essa verdade. Eles têm técnica. Vocês também. Eles têm um bom treinador. Vocês também. Eles são uma família. Nós também somos uma família.

Mas, há diferença. Precisamos ter técnica e ser uma família com brilho nos olhos. Isso faz a diferença. É isso, aliás, que está fazendo a diferença.

O Clube do Remo e sua torcida conta com a retomada da consciência de valores de cada um de vocês. Acredita na mudança dos rumos da história, das previsões. Se para quem sabe, basta querer acertar, então a missão que nos bate à porta não é das mais difíceis. Não precisamos de milagres, como dizem os adversários, para provar que somos capazes, pois o poder de fazer acontecer está dentro de cada um de nós e de uma ação solidária dentro do campo. Talvez precisemos da crença nesse sentido.

Atletas azulinos, nós, sua torcida, estamos apostando em vocês. Acreditamos que seremos campeões, contrariando a tudo e a todos. A camisa azul marinho merece respeito que, com certeza, vocês serão capazes de impor aos adversários, superando o abatimento, as incertezas e desacertos, do primeiro ao último minuto de jogo.

Vamos começar o quadrangular decisivo. De iguais para iguais, vamos entrar em campo e praticar um futebol solidário, como se fosse um recomeço de vida familiar, de uma família que andou se desconcentrando, mas que soube revisar suas ações, refazer seus valores, e dizer a todos que é feliz e sabe ser feliz. Assim somos nós, atletas azulinos.

Belém, 25/02/2003

De um torcedor,

Em nome da nação azulina

Observações:

1 – Mostrada e exemplificada ao elenco antes da fase final, após recebida.

2 – Parece que foi escrita por um psicólogo natural, torcedor com valores.

3 – O grupo foi totalmente reformulado para o Parazão, saindo diversos jogadores e trazidos, por recomendação do técnico, 5 atletas.

4 – Um dos adversários, o Paissandu, campeoníssimo no passado recente formou um elenco para disputar a Libertadores, e conseguindo sucesso, batendo o Boca Juniors na Bambonera, e a Tuna Luso com alguns jogadores formidáveis, um que lembrava o Sócrates.

5 – E o milagre aconteceu, o impossível virou possível, e na hora certa: Batemos dando uma chinelada no Paissandu na semifinal e a Tuna, de 4, com chocolate na partida final.

6 – Obrigado ao torcedor que enviou a missiva, fez parte de um processo formidável, deu uma grande ajuda em hora importante.

7 – Nosso Elenco era muito bom.

8 – Nossa Comissão Técnica, formidável.

9 – Nosso Psicólogo, excelente.

10 – O Diretor era muito bom, a diretoria, nem tanto!

11 -Coitada da Imprensa, que com raras exceções, pensava que sabia de tudo, mas não conhecia Gian, o Elenco e o Treinador. Milagres acontecem, pura sorte, nada de trabalho…

By Jucele

Julio Leal

23 de Março de 2023