SEGUNDA PARTE – DO OFÍCIO
CAPÍTULO VI
MÉTODO DO TREINAMENTO
Por método entendemos o conjunto de atividades e procedimentos utilizados para alcançar os objetivos propostos.
No Futebol, são inúmeros os meios e procedimentos utilizados, por não haver uma metodologia geral que, pela prática, levasse a um único método mais adequado à nossa realidade.
O desenvolvimento do treinamento no Brasil deu–se de forma mais ou menos empírica, mormente no Futebol, atividade que a obrigatoriedade, pela Lei (tanto a 3199, de 1941, quanto a 8650 de 1993) a que jamais se obedeceu, poderia ao menos homogeneizar os Métodos de Treinamento de Futebol.
Mesmo entre os Treinadores e Professores de Educação Física, egressos das Universidades, não há uma forma–padrão para o desenvolvimento do treinamento, pois nosso País com suas dimensões continentais, possui muitas variações quanto à biotipologia, condições climáticas, hábitos alimentares etc.
O método que temos como recomendável é aquele que os estudos, as observações e a prática nos convenceram de ser capaz de, ainda em curtos espaços de tempo, alcançar os melhores resultados.
Baseado em experiência com jogadores de todas as idades, concluímos que um método eficiente deve valer-se de todos os meios auxiliares audiovisuais (quadro-negro e quadro-branco, campo imantado, eslaide, transparência, fotografia, filme e, na moderna era da telecomunicação, o computador).
O método engloba todos os segmentos da preparação: física, técnica, tática e psicológica. Motiva os Atletas de forma consistente e particular a que, pelas suas crenças e religiosidade, busquem o bem- estar espiritual.
Na prática, o método deve obedecer aos processos didáticos, seguindo sempre o caminho natural para o aprendizado, do mais simples para o mais complexo.
Os 3 (três ) passos fundamentais:
- Exercícios introdutórios;
- Exercícios avançados;
- Exercícios competitivos.
Procedimentos de gradual desenvolvimento na prática:
- Individual;
- Em dupla;
3. Em grupos (pequenos ou grandes);
- Com times.
De acordo com a atividade:
- Prática dos fundamentos técnicos;
- Jogos em campos reduzidos;
- Jogos condicionantes;
- Jogos coletivos em campo oficial (11 x 11);
- Prática da preparação física (utilizando as corridas contínuas, as corridas intervaladas, os treinos em circuito, o Fartlek e suas variações, o Cross–Country, os multi-saltos, os pliométricos, além das sessões técnicas e táticas);
- Prática da preparação psicológica.
Todo o trabalho deve ser dividido em Fases, estas em quadros de trabalho semanal (QTS) e estes, em planos diários.
ESTRATÉGIA
Em sentido amplo, estratégia é planejamento visando a atingir determinado objetivo, explorando os fatores favoráveis e usando os meios disponíveis, quando, onde e como quiser.
A estratégia futebolística, não fugindo ao conceito geral, adota a mobilização, a concentração, o reconhecimento, as coberturas, perseguições e meios outros, tendo em vista a vitória final.
A preparação para o jogo ou para a competição é item dos mais importantes no planejamento estratégico e sua execução.
Fundamental para o êxito no trabalho de preparação de equipes de futebol para competições esconder do adversário as táticas e estratégias, bem como, mediante um bom serviço de espionagem e observação de treinos e jogos saber do adversário a estratégia e as táticas, o que acarreta grande vantagem.
Exemplo clássico, a história dos cavalinhos: possuo no meu haras três cavalos de corrida, um bom, um regular e um fraco. Outro proprietário de haras também possui três cavalos, sendo um bom, um regular e um fraco, os quais, de fato, equivalem aos meus três. Corridos três páreos, em condições normais e aleatórias, a tendência é de empate, podendo ocorrer, entretanto, vitória de um ou de outro. Utilizando meu serviço de inteligência e espionagem, se souber a ordem de entrada dos cavalos adversários nos três páreos, vencerei sempre por dois a um, bastando que coloque o meu mais fraco para correr com o mais forte do outro haras, o regular contra o fraco oponente e, por fim, o bom contra o regular.
Exemplo de estratégias a utilizar: marcar em cima no começo, atrair para contra-atacar, defender-se para garantir resultado, distribuição do tempo de marcação: campo todo por 20/25 min, voltando à normal e intensificando outra vez nos 10 min finais.
TÁTICA
Tática significa o planejamento e a execução racional de dispor jogadores em campo, para sair-se bem e tirar proveito em dada situação, surpreendendo o adversário e dominando-o, em conseqüência.
A Tática é a direção real e particular das operações, a organização, direção e execução da mobilização, concentração, reconhecimento etc.
Para que a estratégia funcione bem e tenha êxito, táticas adequadas e convenientes são condições indispensáveis, assim como um bom planejamento estratégico das operações.
Estratégia e tática são fundamentadas sob os mesmos princípios: objetividade, segurança, ofensividade, superioridade numérica, economia de forças, simplicidade, coordenação e surpresa.
Para cada situação previsível de jogo, uma equipe bem orientada deve possuir e aperfeiçoar, no mínimo, uma tática, para obter a vantagem por meio do conhecimento antecipado do que tem de realizar. Acima de tudo, conseguir resultados positivos pela possibilidade de infinitas repetições da manobra pré-concebida, buscando a perfeição.
Uma equipe bem preparada, além da liberdade de criação, deve guardar um variado buquê de jogadas táticas ensaiadas.
Em primeira instância, essas táticas devem ser básicas, pela simplicidade, quantidade de elementos e de jogadores envolvidos e estritamente de acordo com as possibilidades físicas, técnicas, táticas e psicológicas dos atletas abrangidos na trama.
Numa segunda fase, quando as táticas básicas já estiverem funcionando a contento e nos casos em que os adversários dêem mostras de conhecê-las, afastando o elemento surpresa, talvez, o mais importante de qualquer tática, colocam-se em prática, então, as Táticas Derivadas ou Variáveis. Essas devem, se possível, ter posicionamento e movimentação inicial igual ou semelhante à Básica, mas com alterações a partir de certa fase da execução. Após dado a entender que seria repetida a tática básica que o adversário já conhece, surpreendentemente define-se a jogada na concepção variada, inesperada pelo oponente, para alcançar o objetivo pretendido.
As Táticas Derivativas podem ser muitas, com diferentes níveis de complexidade, e incluídas gradativa e didaticamente no Programa de Treinamento, adequando-se à fase de preparação.
Exemplo: Em cobrança de falta próxima à área, três jogadores colocam-se em condições de efetuar o tiro livre, um com a perna esquerda, um com a perna direita, e outro colocado de frente para a bola para um chute forte. A primeira opção, tentando sempre dissimular é a cobrança pelo que possui melhor ângulo, de acordo com a colocação do goleiro. A segunda opção é o de melhor ângulo passar sobre a bola e outro jogador executar o tiro livre.
Além das táticas básicas para cada situação de jogo e de ao menos uma variável para cada uma, a equipe deve incluir no seu repertório Táticas Alternativas, de concepção diferente da tática básica desde o primeiro passo, mas com o objetivo de surpreender o adversário e obter uma nítida vantagem.
Exemplo: Em cobrança de falta próxima à área, os mesmos três jogadores se colocam, mas a jogada básica é alterada e aquele que cobrava, passando sobre a bola, fintando, dá um toque permitindo que o segundo ou o terceiro, de forma surpreendente, efetuem a cobrança.
As Táticas podem ser Defensivas e Ofensivas:
DEFENSIVAS – são todas aquelas que visam a manter a incolumidade da própria baliza, evitando riscos, perigos e gols.
Posição básica, antecipação, mesmo tempo, triângulo defensivo, losângulo defensivo, bola dominada pelo adversário, retardamento do ataque oponente, compactação, coberturas (simples e duplas), linha de impedimento, bloqueio dos avanços pelas laterais, na frente da área, evitando a progressão pelo corredor central, – empurrando para os lados, posicionamento em córneres defensivos, faltas defensivas, pênaltis contra, posse de bola, barreira, etc.
OFENSIVAS – são todas aquelas que visam a surpreender, dominar e superar a equipe adversária conquistando gols e a vitória.
Ataque de 2 (dois), 3 (três), 4 (quatro), 5 (cinco), 6 (seis), 7 (sete), ataques pelos médios, pelos laterais, com lançamentos longos (ligação direta), contra-ataques, criação de espaços e aproveitamento dos mesmos (ponto futuro), triangulações, ultrapassagem (“over lapping”), tabelas simples e compostas, mudança de frente de jogo, contra-tática para livrar-se da linha de impedimento do adversário, posse de bola, faltas, pênaltis, córneres, arremessos laterais, bola-ao-chão, início e reinício de jogo, etc.
As táticas, podem ainda, ser vistas sob 2 (dois) outros aspectos: bola em jogo e bola fora de jogo.
TÁTICAS COM BOLA EM JOGO – Todas as ofensivas e defensivas com a bola em movimento.
TÁTICAS COM A BOLA FORA DE JOGO – Todas as ofensivas e defensivas a partir da bola parada (arremesso lateral, bola-ao-chão, córner, falta direta e indireta, início ou reinício de jogo, pênalti, tiro-de-meta).
PREPARAÇÃO TÁTICA
A preparação tática visa a enfatizar as características e potencialidades dos jogadores, coordená-las e harmonizá-las, praticando, à exaustão, tudo voltado e dirigido para o planejamento tático a adotar.
Seu desenvolvimento está associado à condição física e técnica, ao nível de compreensão do jogo em foco e à experiência dos envolvidos. Esses elementos constituem o alicerce da sua aplicação.
De acordo com a Metodologia do treinamento, a preparação tática deve obedecer aos 3 (três) passos principais:
a) INTRODUTÓRIOS (iniciais) – Deve-se evolver do mais simples ao mais complexo e ensinado/aprendido a partir de simulação em quadro negro ou outro meio áudio-visual: eslaide, vídeo, transparência, fotografia, campinho magnético e computador, passando então à prática no campo, sem oposição e em baixa velocidade, aumentando a velocidade ou o grau de dificuldade, de acordo com as respostas e a evolução dos jogadores.
Por exemplo: um time com 11 (onze) atletas jogando somente contra o goleiro, para trabalhar a posse de bola e a evolução desde o setor defensivo, passando pelo meio-campo, até a assistência e a finalização preconcebidas, usando inversões de frente de jogo. Bola jogada no chão com passes rasteiros e sem parar.
b) AVANÇADOS (intermediários) – Após o primeiro passo, aumenta-se o grau de complexidade e dificuldade na execução pelo aumento dos elementos envolvidos, pela aceleração na velocidade, ou pelo grau maior de oposição com a entrada de oponentes funcionando como sombra, isto é, com ação figurativa e de intensidade moderada, deixando fazer. Pode-se experimentar sua viabilidade durante treinos táticos, treinos coletivos de jogo (11 x 11) e em jogos-treino (contra equipes convidadas, com uniforme de treino, duração e características adaptadas à fase de treinamento, geralmente sem árbitro oficial), ou em jogos amistosos (estes, com as regras seguidas à risca, contra adversários qualificados, uniforme de jogo, árbitro oficial e súmula).
Por exemplo: um time com 11 (onze) jogadores pelejando contra outro que conta com goleiro, 4 (quatro) defensores e um volante de proteção à defesa, com o objetivo de, saindo desde a defesa o time com 11 (onze) trabalhar a posse e o jogo ofensivo, tocar a bola e mudar a frente de jogo, passando com ela dominada pelo meio-campo e chegando ao ataque, para conseguir uma posição de assistência e finalização, mas recebendo uma oposição moderada da equipe oposta, grupo de 6 (seis). Bola rolando no chão em passes rasteiros. Nem bola nem jogador podem parar. Dois ou três toques, no máximo.
c) COMPETITIVOS (avançados) – Considerando o progresso e o aperfeiçoamento nas fases introdutória e avançada, passa-se ao grau máximo de complexidade e dificuldade, com grande oposição, ativa e cerrada, e velocidade igual ou superior à possível de ser utilizada no jogo oficial.
Utilizados eventualmente nos jogos-treino, nos jogos amistosos, e passíveis de utilização nos jogos oficiais desde que atingidas boas possibilidades de acerto.
Por exemplo: uma equipe com 11 (onze) futebolistas, jogando contra outra com 11 (onze), 12 (doze), e até 13 (treze) ou 14 (quatorze) jogadores, com o objetivo de, saindo da defesa, trabalhar a posse de bola e, com ela sob domínio, passar pelo meio do campo, com passes e inversão de frente de jogo até a zona de ataque, para possibilitar assistência e finalização. Evidentemente, treinando-se contra até 14 (quatorze) oponentes, o trabalho torna-se muito difícil e mais complicado. Quando se vai jogar contra o número oficial de 11 (onze), a tarefa fica facilitada, os jogadores sentem-se mais à vontade, soltos, e confiantes, como se houvesse mais espaços para jogar. Bola jogada no chão, em passes sempre rasteiros, bola e jogador não param, aquele que executa o passe ultrapassa em velocidade aquele que recebe (“overlapping”), e o gol só é válido quando todos os jogadores estiverem no campo adversário, bem como valem 2(dois) pontos quando o adversário marca o gol e algum atacante não voltou à linha média.
A preparação tática deve estar em perfeita sintonia com a preparação física, adequando a intensidade do treinamento à fase da preparação, em que os jogadores e o time se encontram. Por exemplo, se a equipe estiver no primeiro estágio de preparação geral, os exercícios táticos também devem obedecer aos mesmos princípios: básicos, de grande volume e em baixa intensidade.
De nada adianta um belíssimo planejamento tático ou concepções mirabolantes, se as condições físico-técnico-tático-psicológicas dos jogadores não estiverem ao nível da proposição.
TÉCNICA
É o conjunto de Fundamentos Básicos que diferencia o Futebol dos demais esportes, cuja peculiaridade está, principalmente, no uso dos pés e pernas para executar as ações básicas para defender (desarmar), manter a bola (dominar, controlar, levantar, proteger, conduzir, e passar) e atacar (fintar, driblar, assistir, chutar, cabecear e finalizar) para marcar gols. Outras partes do corpo, como a cabeça, o peito e os ombros, também são usados para a execução de algumas ações básicas.
A técnica é impessoal, comum a todos, e formada pelos Fundamentos de Técnica que se seguem:
a) Passe;
b) Domínio;
c) Controle;
d) Proteção;
e) Levantada;
f) Condução;
g) Finta;
h) Drible;
i) Chute;
j) Cruzamento;
k) Finalização;
l) Cabeceio;
m) Desarme.
a) PASSE – É a ação de enviar a bola a um companheiro ou a determinado espaço vazio do campo. (que Cláudio Coutinho chamava de “ponto-futuro”).
Geralmente executado por um dos pés (parte interna, parte externa, peito do pé, bico do pé, sola, e calcanhar), pode, entretanto, ser executado com outras partes do corpo (cabeça, peito, ombro, barriga).
Considerando–se a distância entre aquele que passa e quem recebe, divide-se em:
1- Curtos (ate’ 15 metros)
2- Médios (entre 15 (quinze) e 30 (trinta) metros);
3- Longos (mais de 30 (trinta) metros);
Conforme a trajetória:
1- Retos (sem efeito). Para distâncias pequenas e sem oponentes entre passador e receptor. Mais precisos. Geralmente executados com a parte interna do pé (próximo ao arco plantar), assemelha-se à tacada curta do golfe;
2- Em curva (com efeito). Para distâncias médias e grandes, sobretudo quando há oponente entre o passador e o receptor. Menos precisos do que os retos. Geralmente executados com a parte externa ou com a interna do pé.
3- Rasteiros. Retos ou em curva. Bom nível de precisão. Muito utilizados, pois são fáceis de executar e de receber.
4- Meia-altura. Retos ou com efeito. Até a altura da barriga. De relativa dificuldade de execução, mas pouco útil por dificultar a recepção e a seqüência da jogada;
5- Altos. Retos ou em curva. De difícil execução e complicada a recepção. São os a partir da altura da cabeça;
A bola, de preferência, deve rolar sempre no gramado, pois propicia maior velocidade ao jogo e diminui a margem de erro.
A velocidade do passe deve ser a maior possível, considerando-se a posição dos oponentes e a qualidade técnica daquele que recebe.
São responsáveis diretos pelo passe aquele que o executa e quem o recebe. O Treinador também o é, indiretamente.
É de bom alvitre que antes de receber a bola, o passador, utilizando-se da visão periférica, se localize em relação ao campo, aos adversários e aos companheiros, para dar a melhor e mais rápida saída de bola, antes que o ângulo ideal de passe [cerca de 45 (quarenta e cinco) graus ou mais] seja fechado.
O passe também pode ser executado com a cabeça, o peito, a barriga, a coxa, o ombro, o joelho, e até com a canela, por alguns menos dotados.
É considerado de suma importância para o jogo, pois é a forma de a posse de bola ser mantida, evitando dispêndio de energia para retomá-la, mormente porque quem tem a bola tem tudo, possui o “tesouro”, podendo chegar ao gol.
A bola é redonda, diz-se, para rolar. Se fosse para voar teria asas e seria, possivelmente, achatada.
Diz-se também que a bola é feita de couro; este vem da vaca; a vaca anda na grama, portanto, bola na grama, bola no chão.
São formas piadísticas, engraçadas, de enfatizar o valor de a bola correr rasteira, o que, todavia, não desmerece o passe pelo alto.
Pontos essenciais para acertar o passe:
– Bom posicionamento do corpo;
– Pé de apoio bem colocado em relação à bola, dependendo do tipo de passe e movimentos suaves, soltos e coordenados;
– Cabeça erguida, mesmo no momento do passe;
– Tocar na parte certa da bola, com força adequada;
– Muito treinamento.
Principais defeitos na execução do passe:
– Má postura do corpo;
– Pé de apoio sem formar boa base;
– Cabeça excessivamente baixa;
– Batida em lugar errado da bola;
– Excesso de força;
– Efeito excessivo;
b) DOMÍNIO – É a ação que se realiza para receber a bola vinda de um passe, dominando-a e colocando-a em condições adequadas para ser jogada em seguida.
Também chamado de “MATADA”.
Busca-se tirar da bola a velocidade, amortecendo-a, fazendo de anteparo qualquer parte do corpo (exceto braços e mãos, que só podem ser utilizados pelos goleiros e dentro da sua área penal).
Executa-se, com a parte do corpo escolhida para o domínio, um movimento de súbito recuo na mesma velocidade da bola, no momento exato em que ela entra em contato com o corpo, tirando-lhe, assim, a velocidade, pondo-a à feição para, no movimento seguinte, sem perda de tempo, dar o prosseguimento desejado.
Como na maior parte do tempo a bola rola no gramado, por ser redonda e a superfície do campo plana, a maioria dos domínios é executada com os pés, o que merece todo cuidado, pois uma recepção correta permite ganho de tempo. O homem contemporâneo percorre cerca de 10 (dez) metros em apenas 1 (um) segundo, portanto, um domínio mal executado permite uma aproximação indevida pelo oponente do jogador que recebe, tirando-lhe espaço (ângulo) e tempo (raciocínio), colocando, então, em apuros, aquele a quem a bola se destina.
Passador e receptor são co-responsáveis na qualidade do domínio.
De acordo com a parte do corpo que domina a bola, pode ser dividido em:
1 – Com o pé. Partes interna, externa, peito do pé, bico do pé e sola.
A bola deve morrer macia, perto do corpo, em condição imediata de ser jogada. Após tocar no pé, não deve subir, fugindo ao controle;
2 – Com a coxa. Usado principalmente para as bolas vindas do alto. É de difícil execução, mas muito útil;
3 – Com o peito. Bola que morre no peito, artística, de difícil execução, além de pouco produtiva. Pode, também, ser dominada de forma simples, permitindo que a bola caia morta à frente do corpo, ou, num domínio fintado, que permita a bola escorrer ligeiramente deixando-a cair ao lado do corpo, desviada de um oponente que tentasse adivinhar o lado da queda da bola. Se, antes de a bola tocar o chão, for apanhada ainda no alto por um dos pés e jogada na direção do gol, é matada com o chamado voleio, de tantos admiradores. Dos gols mais bonitos de todos os tempos, um há, que marcado desse jeito: o do Roberto Dinamite para o Vasco contra o Botafogo;
4 – Com o bico do pé. Pouco comum, de difícil execução, mas plástico e eficiente para bolas caindo afastadas do corpo, onde o peito do pé não alcança;
5 – Com a parte externa do pé, chamado de “Charles”;
6 – Com a cabeça. Domínio tido como dos mais difíceis, mas de extrema utilidade. Técnica de jogador de qualidade superior. Aquele capaz de dominar uma bola com a cabeça certamente domina todos os outros fundamentos.
Pontos essenciais para o correto Domínio:
– Estar com o corpo equilibrado e relaxado (descontraído);
– Fazer o recuo da parte do corpo utilizada para o Domínio, no momento exato do contato. Absorver, tal como o boxer faz com um soco, e a rede com a bola;
– Realizar tal recuo na mesma velocidade da bola, anulando-lhe totalmente a velocidade e subjugando-a à posse;
– Escolher a parte certa do corpo para fazer o Domínio;
– Naturalidade e técnica apurada.
Principais erros na execução:
– Deixar a bola bater no corpo. Quanto mais dura a parte do corpo, tanto mais longe e fora de controle a bola cairá, como quando bate no travessão;
– Preguiçosamente, tocar por baixo da bola que chega rasteira, deixando-a subir, às vezes exageradamente. É verdade que esta subida da bola pode permitir belas finalizações de sem-pulo, o que, contudo, não descaracteriza a incorreção da ação;
– O ato realizado com o corpo em grande velocidade aumenta a possibilidade de erro.
c) CONTROLE – É a ação realizada para manter a bola sob domínio, por meio de toques sucessivos com ela no ar, com o jogador parado ou em movimento, mas com a intenção de não propiciar ao adversário a tomada da bola.
Também conhecidas por “EMBAIXADAS”.
Não é muito comum nos dias de hoje ver jogadores a equilibrar e controlar a bola por muito tempo, em sucessivos toques, em face da dificuldade de fazê-lo em velocidade, além de expor-se a eventuais retomadas, pois, logo, adversários se aproximam para o combate. Além disso, o controle mais demorado, como na embaixada, irrita os adversários, que o têm como menosprezo, zombaria, principalmente quando o executante está em vantagem no marcador.
Mas é muito importante que todo Atleta possua bom controle de bola, evidenciando intimidade e comando.
Há pessoas capazes de grandes seqüências de controle, mas incapazes de usar esta habilidade de forma útil ao jogo.
A bola pode ser controlada com todas as partes do corpo, exceto braços e mãos.
De acordo com a parte do corpo que controla a bola, temos:
– Com os pés. Parte interna (“Takró”, jogo praticado na Ásia, semelhante ao futivolei), parte externa e peito do pé (embaixada). São os mais comuns;
– Com a coxa;
– Com a cabeça;
– Com o ombro;
– Com a canela. Pouco comum aos habilidosos.
Pontos essenciais para uma boa execução:
– Boa coordenação motora;
– Toques curtos e sutis, sucessivos;
– Uso da parte certa do corpo para cada movimento;
– Corpo inteiramente descontraído, principalmente as partes não utilizadas;
Principais erros na execução:
– Batida na bola com pouca ou muita força;
– Toques muito altos;
– Corpo desequilibrado;
– Do lado donde vem o oponente.
d) PROTEÇÃO – É a ação que o jogador realiza com a intenção de proteger, resguardar a bola do adversário, não lhe dando acesso à sua posse.
Deve ser utilizado por lapsos, átimos de tempo, nunca demoradamente, pois a bola deve estar sempre sendo jogada sob risco de penalização pelo Árbitro, ou perdida para oponentes que se acercam.
Protegida a bola, deve-se tentar logo, que possível, ficar de frente para o adversário, para dar seqüência ao jogo com uma finta ou drible, passe, ou ainda uma finalização.
De forma geral, a proteção à bola é realizada, ficando, quem protege, de costas ou de lado para o adversário, com um dos pés sobre a bola, tocando–a, “penteando-a”, para trocar de posição e dificultar a ação do oponente. Os braços semi-estendidos na altura dos ombros, procurando manter o adversário a uma distância segura da bola.
Pontos essenciais para uma correta execução:
– Perna de apoio semi-flexionada;
– Um dos braços semi-estendido, tocando no adversário para medir a distância;
– Troca constante de posição da bola no chão.
Principais fatores que levam ao erro:
– Permitir ao adversário chegar muito perto, ou tocar na bola;
– Ficar com a perna de apoio muito estendida;
– Deixar a bola afastada do pé;
– Deixar a bola exposta ao adversário;
– Braços arriados ao lado do corpo;
– Proteger por muito tempo.
e) LEVANTADA– É a ação de tirar a bola do chão, com um ou ambos os pés, para, em seguida, controlá-la ou mesmo passá-la pelo alto.
Geralmente utilizada quando o jogador se vê encurralado pelos oponentes, sem saídas rasteiras. Eleva a bola, então, propiciando a chance de um passe por cobertura sobre os marcadores. Recurso precioso.
Pontos essenciais para uma correta execução:
- Corpo relaxado;
- Colocar o pé ou os pés debaixo da bola;
- Executar um movimento súbito para tirar a bola do solo.
Principais pontos que levam ao erro:
- Lentidão no movimento;
- Execução no lugar e em hora errados.
f) CONDUÇÃO – É a ação que o jogador realiza após receber e dominar a bola, movimentando-se com ela no chão, em qualquer direção, com o objetivo de chegar à baliza adversária ou a uma determinada zona do campo para melhor dar seqüência ao jogo com uma finta, um drible, um passe ou uma finalização.
A condução é feita exclusivamente com os pés e com a bola no chão. Utilizam-se todas as partes do pé: interna, externa, peito, sola, e raramente com o calcanhar e com o bico.
Pode ser simples – quando a bola corre afastada do corpo, com toques longos.
Pode ser complexa – quando são usados toques curtos e sucessivos, mantendo a bola bem próxima do pé e em condição de ser jogada no momento necessário. Esta forma deve ser usada, quando houver adversários por perto, ou nas zonas congestionadas e de finalização. Para manter a linha de corrida com a bola, os toques podem ser com a mesma parte, ou diversa, do pé, ou ainda, com os pés tocando a bola alternadamente.
Complexa também é a corrida sinuosa ou em zig-zag, onde entram elementos de finta e drible.
Pontos essenciais para uma correta execução:
– Toques curtos, mantendo domínio cerrado da posse. Bola como se estivesse escondida (Adílio);
– Não permitir ao adversário perceber a direção a ser tomada. Às vezes, estratégica e conscientemente, permitir ao adversário imaginar ser possível a tomada da posse, não o permitindo, porém;
- Cabeça erguida, cuidando de todos os lados (visão periférica).
Principais defeitos que levam ao erro:
– Toques muito longos perdendo o controle da bola;
– Toques sem direção ou com a parte errada do pé;
– Permitir que a bola fique muito debaixo do pé;
– Cabeça baixa;
– Tropeçar ou pisar na bola.
g) FINTA – É a ação realizada imediatamente antes do drible, do passe, ou da finalização, com o objetivo de iludir ao adversário, sugerindo um movimento que não o verdadeiro a fim de obter uma vantagem ou a criação de um espaço antes inexistente.
A finta é característica dos grandes talentos, principalmente os atacantes e os dribladores. Inúmeras as oportunidades de finta, que devem ser estimuladas e aperfeiçoadas. Deve-se incentivar os jogadores a desenvolverem a sua própria forma de ludibriar, de usar de ardil para enganar o adversário, antes de prosseguir na jogada; passar, driblar ou mesmo finalizar.
Também o goleiro deve fintar, antes de executar o passe com as mãos ou pés, e quando na posição de defesa, frente a frente com um oponente, intenta fazê-lo pensar que seu próximo ato é um, diferente do que realmente pretende, propiciando, assim, a defesa.
Finta-se com todo o corpo ou parte dele. Até mesmo com um simples olhar, um rápido mover dos olhos, grandes vantagens podem ser conseguidas.
Pontos essenciais para o êxito na execução:
– Elemento surpresa;
– Disfarçar ou esconder a intenção, até o último momento;
– Olhar para um lado, quando objetiva passar para o outro;
– Fingir que vai chutar, quando quiser passar, e vice-versa;
– Fingir que vai chutar forte, quando quiser colocar a bola, e vice-versa;
– Deixar o adversário obter uma vantagem em situações não decisivas.
Principais defeitos que levam ao erro:
– Executar a ação final pelo lado que fez a finta;
– Falta de ginga, balanço, “swing” e jogo de cintura;
– Falta de “falsa convicção” para iludir o oponente.
h) DRIBLE – É a ação que o jogador realiza para ultrapassar, com a bola, o adversário. Também é drible a ação na qual o driblador, para bater o adversário, perde momentaneamente o contato com a pelota, reassumindo sua posse em seguida, com o adversário ultrapassado.
No Brasil, muito conhecido como “DIBRE”, evidente corruptela, usada nas camadas menos letradas e pelas crianças.
Em outros esportes, como no Basquetebol, por exemplo, driblar é o fundamento de conduzir a bola quicando-a no chão.
É grande o grau de dificuldade na execução deste fundamento futebolístico, que exige grande dose de desprendimento emocional e elevado nível de coordenação neuro-muscular, a par de outros atributos, nem sempre encontrados em uma só pessoa, tais como: noção espaço-temporal, ginga, agilidade física e mental, força explosiva, enfim todo um elenco de qualidades essenciais ao bom driblador.
O desprendimento, quase descaramento ou despudor, pelo modo atrevido do agir sem medo, irreverentemente, com picardia, por implicar astúcia, malícia, e outros atributos menos nobres. Quem executa um drible está tentando obter uma vantagem, iludindo o oponente, quase sempre após ludibriá-lo com uma finta. Nesse particular, principalmente nós brasileiros, os sul-americanos de forma geral, nos destacamos frente aos europeus e asiáticos. Estes últimos, por suas culturas milenares, de moral mais rígida, e inibidora de tais procedimentos antiéticos, ao passo que por aqui, nada a objetar, ao contrário, pois tenta-se levar vantagem em tudo (vg. a tão nossa conhecida “Lei de Gerson”)
Há uma infinidade de Dribles magistrais, conhecidos e famosos, merecedores de citação e mais uma quantidade incalculável de possíveis Dribles que a imaginação, privilégio do ser humano, aos poucos, vai liberando numa constante e permanente capacidade de criar, que conduz os espectadores aos estádios na certeza de que gratas emoções, grandes novidades, e JOGO BONITO poderão surgir a qualquer instante.
Alinho alguns a seguir, dentre os mais conhecidos:
ELÁSTICO (Rivelino), SAÍDA SÓ PELA DIREITA (Garrincha), SAÍDA SÓ PELA ESQUERDA (FELIPE), PERNAS PASSADAS ALTERNADAMENTE POR CIMA DA BOLA (Fisher), RABO DE VACA (Eduardo, Joãozinho e Alberdã – antigo jogador do Cocotá da Ilha do Governador, que o fazia com tal propriedade que até hoje nos lembra), que pode ser longo; ou, se curto, – RABO DE COTIA, PARADINHA, TABELA NAS PERNAS DO INIMIGO, TODOS (o Rei Pelé), CHICLETE, PATINETE e outros (Julio Cesar Uri Geller, o entortador), CHAPÉU-BOINA-LENÇOL, CANETA, CANOA, LAMBRETA (Manoel Maria), RODRIGO FABIANO, PIÃO (característico do Futsal), TABELA CURTA PÉ DIREITO – PÉ ESQUERDO, PÉ POR CIMA DA BOLA.
O drible constitui fator preponderante de desequilíbrio a favor de um jogador e da própria equipe. Por melhor que seja o marcador, a vantagem da posse da bola é grande, pois quem tem o balão pode agir (tempo 1), e quem defende apenas reagir (tempo 2), estando sempre atrasado.
Fortes esquemas de marcação e cobertura podem ser vencidos pela capacidade “dribladora” de um ou mais jogadores no ataque. Mais fácil marcar e anular uma boa tabela ou tentar ultrapassagem, do que evitar um drible, pois, além de tudo, quem defende é obrigado a correr de costas com mudanças de direção impostas pelo driblador que dá as cartas e corre de frente, indo para aonde entender melhor.
O drible bem executado, no lugar e na hora certos, por quem sabe, explode e faz desmoronar um sistema defensivo, mesmo bem armado.
É grande a admiração e o respeito pelos bons dribladores, sendo alguns idolatrados pela massa torcedora.
De modo geral, os pontas e os centroavantes (posições que hoje evoluíram para simples atacantes), mais os meias-ofensivos, são quase sempre os melhores dribladores, por atuarem no ataque, onde o drible é mais recomendável, por mais seguro e com chances de vencer o oponente, sem riscos gritantes na perda da bola. De forma geral, deve-se evitar o drible na zona de defesa, e até mesmo no meio de campo (considerado passagem da defesa ao ataque) tendo em vista o risco para o time do driblador. Além de retardar o contra-ataque, em o caso de perda da bola, no momento em que todos estão se posicionando para facilitar o prosseguimento da jogada, propicia ao adversário perigosas oportunidades de ataque.
O Futebol não seria o jogo bonito, que é, não existisse o drible ou fosse ele proibido. Verdadeiras “obras de arte” não teriam sido construídas, como o golaço do Maradona na Copa de 86, quando saiu driblando vários ingleses, partindo do seu próprio campo; ou o do Dener, no Campeonato Paulista, sem falar nos diversos de Ronaldinho, Zico, Edu, Jairzinho, Garrincha e Pelé, após passarem, driblando, por quase todo um time. Se os fora-de-série não desobedecessem às recomendações e saíssem a bailar e a driblar a partir da sua própria defesa, quantos belíssimos e fantásticos gols, que levaram ao delírio platéias estupefatas, não teriam sido consignados. A tal respeito, lembra-se o gol feito por Nilton Santos. Jogando pelo Brasil, na Copa do Mundo de 1958, contra a Áustria. Segundo se sabe, Feola, Técnico do Brasil, numa avançada, a todos driblando, daquele craque notável, gritava para ele, a plenos pulmões: VOLTA, NILTON ! VOLTA, NILTON !! Prosseguindo na arrancada fulminante: gol do Brasil. Feola teria, então, gritado para o inesquecível craque: BOA, NILTON SANTOS! BOA!! Muitos não confirmam a propalada notícia ao pé da letra, mas a versão é que prevalece, sobrepondo-se aos fatos.
A vida não seria a coisa bonita que é se não houvesse o Futebol, ou nele fosse proibido driblar.
Pontos essenciais que levam ao êxito:
– Noção de espaço e tempo;
– Confiança;
– Ginga, balanço, “swing”, alegria, paz interior;
– Finta antes da ação final;
– Conhecimento do ponto fraco do oponente;
– Força explosiva;
– Surpresa ao adversário.
Principais requisitos que levam ao erro:
– Tentativa em lugar e hora errados;
– Falta de confiança e ousadia;
– Ausência da finta para ludibriar;
– Tentativa de drible reiteradas vezes , eliminando o fator surpresa.
i) CRUZAMENTO – É a ação de enviar a bola a um companheiro em determinado lugar da área oposta, ou ainda, somente alçá-la para dentro da área com a intenção de que algum companheiro a dispute, ou os defensores adversários façam um gol contra, também denominado “autogol”.
Em muito se assemelha ao passe, mas tem características próprias, como a de ser uma assistência final desde as laterais do campo.
Também conhecido por “CENTRO”.
Quanto mais próximo da linha de fundo, tanto melhor e mais perigoso é o cruzamento, pois, além de encontrar os atacantes atrás da linha da bola, de frente para o gol, também os defensores da outra equipe são forçados a se voltarem de frente para sua própria baliza perdendo assim sua condição de bons defensores, por assumirem, na conjuntura, postura de atacantes, sujeitos a fazer autogols, com chances mínimas de defender, conforme os princípios de defesa estabelecem.
Realizados preferencialmente com a parte interna do pé (com efeito para dentro), com o peito do pé (sem efeito), ou com a parte externa (três dedos – efeito para fora).
De acordo com a distância, podem ser:
– Curtos, ou no primeiro poste, de dentro da grande área;
– Longos, ou no segundo poste, de fora da grande área.
Aliás, poste ou “pau”, como freqüentemente se lhes chama (ao 1o e 2o).
De acordo com a trajetória, denominam-se:
– Rasteiros;
– Altos;
– Retos;
– Em curva (com efeito), aberta ou fechada;
– Cavados.
De acordo com o lugar donde são desferidos:
– Da linha de fundo. Os desferidos próximos da linha-de-gol, com pouco ou nenhum efeito;
– Chuveirinho. Os executados a partir da linha frontal da grande área para trás, com maiores chances para os defensores que ficam de frente para a bola, podendo levar os atacantes para fora da grande área, diminuindo assim as possibilidades dos atacantes conseguirem o tento, não só pela distância de mais de 19 (dezenove) metros da baliza, como pela posição do corpo – praticamente de costas.
– Cavado. Os efetuados perto da linha de fundo, perto do primeiro pau. Tendo atraído para as linhas de marcação e cobertura zagueiros e goleiro, em toque com o bico do pé entrando sutilmente por sob a bola, alçando-a nas costas de todos, para atacantes que estejam livres no segundo pau.
Pontos essenciais para a correta execução:
– Executar com o cuidado de um passe;
– Usar a parte do pé em conformidade com o objetivo pretendido;
– Dar a intensidade adequada, ciente de que, geralmente, bolas velozes são mais adequadas para os atacantes;
– Só dar curvas quando absolutamente necessário.
Principais fatores que levam ao erro:
– Mau posicionamento do corpo em relação à bola;
– Não levantar a cabeça para ver o posicionamento dos jogadores na área, antes de cruzar a bola;
– Lançar a bola muito alta, sem velocidade, para dentro da pequena área, onde o goleiro, por poder usar as mãos, leva vantagem;
– Estar em velocidade exagerada no momento do toque na bola;
– Jogar a bola onde está o companheiro que entra, e não à sua frente.
j) CHUTE – É a ação de golpear a bola com um dos pés, objetivando fazê-la entrar na baliza adversária, conquistando o gol, momento épico de Futebol.
“Shoot”, em inglês, é atirar, arremessar. O chute é sempre desferido com os pés, por um dos pés de cada vez, para não cair, como divertidamente se diz. Embora mecanicamente possível o gol com ambos pés, simultaneamente, e válido fosse tal tento, quem atreveria a tentá-lo?!
As partes do pé com que se golpeia a bola, no chute, são:
– Com a parte interna (chapada);
– Com a parte externa (trivela);
– Com o peito do pé (bomba);
– Com o bico do pé (bico);
– Com o calcanhar (calcanhar).
De acordo com a trajetória:
– Retos;
– Curvos( ou com efeito);
– Rasteiros;
– Meia-altura;
– Altos.
De acordo com o estilo, denominam-se:
– Chapa ( com a borda interna, tipo tacada de golfe);
– Trivela (ou três dedos – borda externa);
– Bico (com a ponta do pé, do dedão, ou da chuteira);
– Calcanhar (com a parte traseira do pé, o calcâneo);
– Letra (com o peito do pé que cruza por detrás da perna de apoio);
– Bicicleta (com o peito do pé, em bolas altas acima da cabeça, estando todo o corpo no ar, de ponta-cabeça (pernas para cima e cabeça para baixo). Sabe-se onde está a baliza adversária, porque na direção oposta à que está à sua frente);
– Voleio (chapa, ou peito do pé, em bolas à meia altura, quando o corpo fica paralelo ao chão);
– Sem-pulo (com o peito do pé antes da bola quicar no chão, estando o pé de apoio no chão);
– Peito do pé (definido pelo próprio nome, sendo o que alcança maior potência, por desferido com parte dura do pé e utilizar mecanicamente na amplitude máxima, nervos, músculos e articulações);
– Totó (com a parte superior da frente do pé entrando por sob a bola, fazendo-a descrever uma curva sobre o adversário, caminho único quando não há espaços pelos lados, face à boa colocação fechando ângulos);
– Bate-pronto (com o peito do pé no momento exato em que a bola toca no gramado, o que proporciona grande potência).
De acordo com a força, podem ser:
– Colocados. A preocupação deve ser apenas com a trajetória da bola e a precisão do arremate, mesmo fraco, mas nos cantos e no contrapé do goleiro;
– Fortes. A preocupação maior é a de golpear o balão com muita força, transmitindo-lhe esta propriedade e dificultando a sua contenção pelo oponente;
– Potentes. São aqueles que, além do movimento com força, se desferem também com os grupamentos musculares usados, contraindo-se em grande velocidade, proporcionando alta potência. Jogadores há que, embora com pouca massa muscular, mas possuidores de boa técnica específica, também são capazes de chutes potentes que chegam à linha do gol antes de o adversário esboçar qualquer reação e de o goleiro posicionar qualquer parte do corpo, principalmente as mãos, por trás da bola. A bola atinge velocidade superior a 100 km./h.
Pontos essenciais para boa execução:
– Colocação adequada do pé de apoio ao lado da bola para chutes rasteiros, e um pouco atrás, para chutes altos;
– Não colocar o tronco excessivamente para trás na hora da ação, pois faz a bola subir desnecessariamente;
- Golpear no lugar certo da bola , de acordo com o endereço pretendido.
Principais fatores que levam ao erro:
– Contrair músculos antagônicos aos do chute, ou que não são utilizados durante a execução;
– Preocupação exclusiva com a força, o que pode levar à imprecisão.
k) DESARME – É o ato de tomar a bola do adversário.
Também conhecido por “ROUBADA” de bola.
De muita importância, pois, evidentemente, uma equipe só pode atacar quando de posse da bola. A quem não está de posse dela só resta defender, trabalhar para evitar o gol e, oportunamente, retomá-la.
Dom e especialidade de certa categoria de jogadores, em tirar a bola, em roubá-la do “inimigo”, não muito comum nos jogadores ditos atacantes e mesmo nos meias, principalmente nos mais ofensivos.
A coordenação e a noção espaço-tempo para “surrupiar” a bola sem cometer infração deve ser perfeita.
Para o desarme, necessários o posicionamento atento, a aproximação rápida e o bote certeiro, visando não só a desarmar, mas, também, a ficar de posse da bola.
Também é considerado desarme a interceptação do passe entre dois adversários.
Outra forma de desarme a considerar, à qual se dá o nome de “Tranco”, é a ação de golpear com o ombro, o ombro do adversário, correndo ambos na disputa da bola, desde que sem violência ou má- fé, conforme previsto na Lei do Jogo.
Pontos principais que levam ao êxito no desarme:
– Considerar a própria agilidade e tempo de reação, relativamente ao adversário;
– Não se deixar levar por fintas;
– Evitar que o adversário perceba a hora do “bote”;
– Não arriscar o “tudo ou nada”, na defesa, salvo com grandes chances de levar a melhor;
– Manter-se próximo do oponente, ou dele se acercar sempre, entre a bola e o centro da linha de gol;
– Olhos atentos ao binômio adversário/bola. Olhar para a bola de soslaio, sem deixar de perceber os movimentos do jogador. Tentar prever seu próximo movimento. Alguns jogadores são capazes de marcar “no olho”.
Pontos principais que levam ao erro no desarme:
– Desconsiderar, ou menosprezar a capacidade do jogador a ser desarmado;
– Deixar-se iludir pela finta, que, em geral, antecede o drible;
– Atacar a bola e o jogador com exagerada intensidade. O oponente, controlando sua própria força, pode deslocá-lo sem falta, como num “ippon”, tal qual no Judô, que foi criado pelo Mestre de Artes Marciais do Japão, “Sensei” Jigorocano, após observar que, findas as nevascas, as árvores rígidas que “enfrentavam” o vento e a neve, invariavelmente terminavam no chão, ao passo que as flexíveis, de galhos tenros, que “cediam” e se curvavam à força do vento ou ao peso da neve, terminavam de pé, sobranceiras;
– Atirar-se ao chão de qualquer jeito, na tentativa do desarme. Além de incidir em jogo perigoso contra o adversário, quem se joga ao chão ou se vale do “carrinho” para desarmar, corre o risco de não mais se recuperar na jogada, dando ao adversário maior vantagem do que antes tinha;
– Fechar outro caminho que não o do seu arco;
– Colocar-se de lado para o jogador a quem se marca;
– Ficar imóvel, estático, com os pés plantados no chão.
l) FINALIZAÇÃO – É o ato de golpear a bola com qualquer parte do corpo, exceto braços e mãos, com o objetivo de colocá-la dentro da baliza oposta e consignar o tento.
Assemelha-se ao chute quanto ao objetivo, porém mais amplo, já que pode ser executada com qualquer parte do corpo, permitida pelas Leis do Jogo, não só com os pés, como no chute.
Também chamado de arremate, conclusão.
Além do chute e do cabeceio, as finalizações podem ser feitas por outras partes do corpo:
– Coxa;
– Barriga;
– Peito;
– Joelho;
– Canela. Geralmente sem querer, jogo feio, mas vale o gol;
– Ombro, costas, e nádegas.
Quase sempre, usa-se apenas um toque na bola, razão do sucesso na grande maioria das finalizações, por não dar aos adversários, inclusive ao goleiro, oportunidade de se colocarem em posição fundamental de defesa, entre a bola e o centro da linha de gol. Por isso, os treinamentos devem habituar os jogadores a ajeitarem o corpo para a bola, e não esta para o corpo.
Afora o chute, que possui características próprias, podendo ocorrer nas bolas rasteiras ou altas, as outras finalizações são em bolas fora do chão. Dar à bola uma trajetória rasteira e nos cantos da baliza, onde os arqueiros costumam ter maiores dificuldades para fazer uma defesa com acerto e segurança, é dever de ofício e tem de estar sempre presente na cabeça do jogador que finaliza.
m) CABECEIO – É o ato de golpear a bola com a cabeça, seja com o propósito de rechaçar, de realizar um passe ou de finalizar.
Usualmente utilizado em bolas altas, aquelas acima dos ombros, mas quando executado em bolas baixas ou rasteiras, no momento e lugar certos, merecem aplausos efusivos pela corajosa plasticidade de que se revestem.
Descabe tiro livre indireto, por jogo perigoso, quando um dos jogadores se abaixa para cabecear, nem contra quem se abaixou, tampouco contra quem disputa esta bola com o pé.
Pode ser classificado em:
– Defensivo;
– Preparatório;
– Ofensivo.
De acordo com a parte da cabeça que golpeia a bola, em:
– Frontal;
– Temporal;
– Moleira (cocuruto);
– Posterior da cabeça.
De acordo com a trajetória, em:
– Reto;
– Curvo;
– Para o alto;
– Para o chão.
De acordo com a força, em:
– Colocado;
– Forte.
De acordo com o estilo:
– Simples, com os pés no chão;
– Após correr ou saltar;
– Peixinho – cabeceio das bolas rasteiras ou rentes ao chão após saltar, em mergulho, espetacularmente. Jogada bonita.
Principais fatores que levam ao acerto:
- braços semiflexionados à altura dos ombros para dar equilíbrio e proteção;
- movimento coordenado do tronco e do pescoço;
- olhos bem abertos;
- uso da parte da cabeça adequada ao objetivo.
Principais fatores que levam ao erro:
- corpo em desequilíbrio;
- pescoço duro;
- olhos fechados;
- braços arriados.
Fundamento importante do Futebol, o cabeceio que todos os jogadores devem saber executar muito bem, a fim de serem considerados de boa técnica geral.
Entretanto, haverá sempre de existir o especialista em cabeceio, seja o defensivo, capaz de grandes jogadas salvadoras, seja o ofensivo, muitas vezes menos hábil no trato da bola com outras partes do corpo, mas capaz de colocar a bola onde queira, mais parecendo tê-la colocado com as mãos, tamanha a precisão. Colocado ou com força, o cabeceio faz o jogo, bonito.
Nomes famosos na arte de cabecear: Baltazar, o “Cabecinha de Ouro”, Leivinha, Dionísio, Dadá Maravilha (que parava no ar tal qual o beija-flor e o helicóptero), Jardel, Pelé, dentre outros.
Momento marcante de todos os tempos, a “cabeçada” do Rei Pelé na Copa de 70, contra a Inglaterra. Mesmo não tendo sido gol, passou para a história porque propiciou ao goleiro Banks o que pode ser considerado a maior defesa de todos os tempos.
ESTILO
É a forma particular, própria e característica de realizar uma ação.
Estilo é a maneira de exprimir os pensamentos, falando ou escrevendo, de modo natural, afetado ou prolixo (Aurélio).
Em Futebol, então, podemos chamar de estilo, a maneira como o jogador, de forma muito pessoal, própria, executa os fundamentos da técnica futebolística, o que, na realidade, é a maneira de exprimir, jogando, o que existe no seu interior, no pensamento, enfim.
De modo mais abrangente, leva-se o conceito para clubes, países, e continentes, segundo as características que cada um possui para o jogo de Futebol. Nesse aspecto, temos o Estilo Sul-Americano, o Estilo Europeu, o Estilo Africano e o Estilo Asiático de jogar, cada um com suas peculiaridades, bem como o Brasileiro, o Argentino, o Uruguaio, etc. No setor clubístico, o Estilo Vascaíno, o Rubronegro, o Sãopaulino, o Palmeirense, o Corintiano, o Gremista e o Cruzeirense se destacam.
A esta forma peculiar e característica de executar o mais singelo Fundamento de Técnica, ou a Técnica em si, chamamos Estilo, e cada um tem o seu, de acordo com os mais variados fatores, inatos ou culturais e o aperfeiçoamento ao longo dos anos de prática sob determinadas condições.
Se um estilo contraria a mecânica do movimento e da ação, com resultado pouco producente, o Treinador deve desestimular seu uso, passando a desenvolver e a trabalhar um novo estilo, fundamento ou técnica, o que exige muito tempo e dedicação.
TREINAMENTO TÉCNICO
À semelhança de qualquer tipo de preparação, o Treinamento Técnico (TTE) deve ser dividido em três níveis, a saber:
a) INTRODUTÓRIOS – são os desenvolvidos nas sessões de treinamento onde os Fundamentos Técnicos são exercitados na forma mais elementar. Os exercícios devem ser executados na forma mais simples e lenta possível, corrigindo-se de imediato todo e qualquer erro. A princípio, sem oposição.
A introdução para iniciantes pode ser apresentada em sessão audiovisual (eslaide, transparência, fotografia, filme, computador e outros), ou com demonstração por um bom executor, de preferência, o próprio Treinador.
Aumenta-se o grau de dificuldade gradativamente, à medida que o jogador assimila os Fundamentos e executa corretamente o proposto.
Não se deve permitir a repetição de um movimento de forma errada, sem a devida correção, porque se estimularia um vício difícil de ser corrigido posteriormente.
Mais difícil do que criar um bom hábito é antes ter que curar um vício.
Pode ser usada a bola oficial, adequada à idade e ao sexo, bem como todas as que possam facilitar o início da aprendizagem, sejam bolas maiores, mais leves, mais vazias, de meia (como antigamente), de plástico, de borracha.
b) AVANÇADOS – São os desenvolvidos nas sessões de treinamento em que os Fundamentos Técnicos são exercitados em situações como a de jogo, um a um, ou de forma combinada, em nível maior de dificuldade.
Podem ser exercitados com opositores como “sombras”, contudo, sem ação muito intensa.
Ajuda o treinamento a tomar feição de realidade, além do aumento na velocidade e na dificuldade de execução.
Somente os capazes de executar os Fundamentos na forma básica corretamente devem passar para esta fase.
c) COMPETITIVOS – São os desenvolvidos nas sessões de treinamento em que os Fundamentos são postos sob condições semelhantes ou iguais às exigidas na competição, inclusive sob grau máximo de velocidade, dificuldade, complexidade e oposição.
A esta etapa chegam aqueles que se encontram bem sob o ponto de vista técnico tendo apresentado bom rendimento nas fases anteriores e achando-se bem sob o ponto de vista físico, pois devem ser realizados em grande velocidade.
Compreendido por exercícios que utilizam os Fundamentos na forma simples ou combinada até chegar ao nível de tornar-se base do treinamento tático, contanto que respeitadas as características individuais dos jogadores, os princípios do treinamento tático e os objetivos do planejamento tático da equipe.
Na forma mais simples, o Treinamento Técnico utiliza os jogadores individualmente ou em duplas. Na medida em que as fases progridem, passa-se aos treinamentos em pequenos grupos até se chegar ao nível máximo do Treinamento Técnico com grandes grupos e, até mesmo, todo o elenco, quando então mais se assemelha ao treinamento tático inicial.
É fundamental que a quantidade de trabalho (VOLUME) e a característica de execução (INTENSIDADE) estejam plenamente adequados à FASE DA PREPARAÇÃO GERAL, quase sempre guiada pela Preparação Física, para alcançar o APOGEU no momento certo da competição.
Por exemplo: se, na Fase Básica da Preparação Geral, o Treinamento Físico trabalha em cima de grande volume e baixa intensidade, como geralmente se faz, também o Treinamento Técnico deve acompanhar a mesma relação volume/intensidade, executando várias séries de exercícios simples, com grande número de repetições, mas com baixa intensidade.
No início das sessões, trabalha-se todo o elenco, de forma genérica. Nas fases mais adiantadas do treinamento e na parte complementar de cada sessão, os aspectos técnicos particulares a cada posição, função ou jogador, são enfatizados.
Além dos níveis supracitados, deve-se obedecer aos 4 (quatro) passos importantes para o desenvolvimento da técnica futebolística:
- Atividade individual – aquela em que o jogador trabalha sozinho os fundamentos; pode valer-se do paredão, forca e outros meios;
- Atividade com companheiro (em dupla) – aquela em que 2 (dois) jogadores se exercitam tecnicamente, ambos executando o fundamento, ou um ajudando o outro (fundamento do trabalho em equipe);
- Atividade em grupos (mais de dois) – aquela em que grandes grupos se exercitam tecnicamente, com uma ou mais bolas;
- Atividade do time(com os 11 jogadores) – aquela em que uma formação de time realiza com a finalidade de exercitar os fundamentos técnicos em situação de jogo.
MATERIAL AUXILIAR: a realidade do Futebol é a do campo, bola e jogador. Entretanto, para efeito de treinamento e facilitar o aprendizado, diversos materiais podem ser utilizados para demarcar setores, áreas (“grids”), embelezar o campo e, principalmente, diversificar as sessões de trabalho. São eles: cones, estacas, forcas, paredes, balizas móveis de tamanho oficial e pequenas, aros, bancos, plintos, barreiras, cordas normais e elásticas, barreiras móveis, bonecos infláveis, colchões, etc.
É de suma importância que haja disponibilidade de uma bola para cada jogador. O mínimo aceitável, porém, para o trabalho de aperfeiçoamento técnico, é de uma bola para cada 2 (dois) jogadores. Jamais se deixa de trabalhar, entretanto, se o número de bolas não for o ideal. Entra em campo a criatividade!
FORMAÇÕES: para esgotar todas as alternativas e tornar o trabalho mais motivante e eficiente, além dos materiais auxiliares, deve-se variar a formação para a execução dos exercícios: fila, coluna, dupla, triângulo, quadrado, círculo e outros, além de ser possível o trabalho em forma de circuito que, à semelhança do treinamento físico, é um conjunto de estações de exercícios, neste caso técnicos, com a intenção de trabalhar numa mesma sessão um grupo de Fundamentos Técnicos, ou até, a todos eles. Pode-se controlar o treinamento pelo número de repetições, ou pelo tempo de execução em cada estação, que é mais comum.
CAMPO: o clube deve oferecer tantos campos de Futebol quantos necessários, considerados o número de equipes, a quantidade de atletas e as sessões de trabalho a executar por dia. O campo oficial de jogo deve ser preservado e utilizado exclusivamente para os dias de treinamento mais importantes, principalmente para o apronto final.
É conveniente que o Clube disponha de um campo auxiliar para outros treinos de menor importância e treinamento específico dos goleiros, pois, a par da natural necessidade, o uso constante prejudica as condições do campo, máxima nas áreas do goleiro, pela grande quantidade de repetições necessárias nesse tipo de treinamento.
O estado do gramado deve ser o melhor possível, até perfeito como uma mesa de sinuca e, preferencialmente, do mesmo tamanho do campo de jogo.
Para as grandes e mais importantes competições, tais como Campeonatos Estaduais e Nacionais da primeira divisão, Jogos Classificatórios e a Copa do Mundo, deveria ser padronizado oficialmente o tamanho do campo de jogo.
De bom alvitre, a dimensão de 112 m. x 76 m.
O espetáculo ficaria muito mais bonito ainda; as faltas e os choques aconteceriam em menor número; as equipes ultradefensivas , retranqueiras, não conseguiriam parar o futebol ofensivo das equipes adversárias e maior número de gols seria consignado, premiando o torcedor.
Com o nível de condicionamento atlético dos jogadores hoje em dia, não é nada difícil conseguir o empobrecimento do espetáculo com uma retranca que muitas vezes, no campo usado em Copas do Mundo, de 105m x 68m (cento e cinco por sessenta e oito metros) leva ao sucesso parcial de garantir um empate, senão total, com uma magra vitória por 1×0 para o time que fez um único ataque, em contra- ataque.
GRADES, “GRIDS”: campos menores, demarcados para exercitar em treinamentos técnicos básicos e jogos em campos reduzidos. Utilizam-se linhas, cones, estacas, etc.
O Treinamento Técnico é a base de todo o trabalho, devendo merecer atenção especial. Deve ser praticado todos os dias por tanto tempo quanto recomendável e possível, de acordo com a Categoria e a Fase de Treinamento.
De nada adianta uma condição física soberba, nem táticas e sistemas mirabolantes, modernos e sofisticados, se os jogadores não são capazes de executar corretamente os Fundamentos de Técnica do jogo. Mas, o contrário pode proporcionar melhores resultados pois um jogador de boa técnica despende menos energia, tem mais tempo entre receber e dar o devido prosseguimento, além de ser capaz de realizar qualquer combinação tática proposta, ou criada no momento.
Primeiro, o Treinador deve preocupar-se com que o jogador seja capaz de dominar e comandar a bola, para depois, então, cuidar do domínio do jogo, como um todo.
Não fosse de máxima importância o fator Técnica, facilmente montaríamos um Supertime selecionando, os Atletas mais bem preparados fisicamente, de acordo com as características das posições. Convocaríamos um bom reboteiro do Basquetebol para jogar como goleiro; dois velocistas de 100 (cem) metros para atuar nas laterais; dois decatletas ou arremessadores para jogar na zaga central; quatro maratonistas ou corredores de longa distância para jogar no meio-campo; e dois saltadores ou velocistas de 50 (cinqüenta) metros para o comando do ataque. Mas, e quando a bola rolasse? Não daria certo. Faltaria a habilidade específica, a Técnica.
A busca no Futebol é pelos jogadores mais habilidosos do ponto-de-vista técnico. Por aqueles capacitados a bem executar o que cada posição ou função lhes requer. Defender, marcar, desarmar, armar, atacar, finalizar e executar os fundamentos, inclusive em alta velocidade, com elevado índice de acerto, constituem atributos do jogador mais cobiçado.
Basicamente o que diferencia o “Craque” do bom jogador, e este do de nível regular é o índice de aproveitamento em dado número de oportunidades e repetições, principalmente no calor da disputa real, a valer, à vera.
Hoje, a Estatística (no Brasil iniciada como “Scout”) já faz parte da avaliação de jogadores e times de Futebol, à semelhança do que ocorre desde há muito na “NBA”, a Liga de Basquete Profissional Americano.
Ainda que as estatísticas sejam precisas e muito úteis, não substituem a sensibilidade, a visão e a experiência do Treinador, mas, certamente ajudam, colaboram, subsidiando na tomada de decisões.
Pouco importam no Futebol, estatura, biótipo e outros fatores que tais. Ele oferece oportunidade para todos os tipos físicos, até certo ponto privilegiando, ao contrário de outros esportes, os de estatura mediana e os baixos, cujo centro de gravidade, em razão da pouca altura, permite maior agilidade, trocas de direção e velocidade de reação, cair e levantar e levar de imediato o pé à bola na hora de definir a jogada na “zona do agrião” (Ave, Saldanha!). Claro que há as exceções, os jogadores altos e fortes, mas necessariamente rápidos, que, de ordinário, se destacam pela melhor capacidade no jogo aéreo, das bolas altas, no ataque ou na defesa, e mais raramente no meio de campo – zona de bola rasteira.
Mas JOGO BONITO é bola no chão, rolando macia e veloz de pé em pé, com carinho, com afeto, de um lado para o outro até a fonte dos sonhos, ultrapassando completamente toda a linha de gol, às vezes nem tocando a rede, noutras estufando-a e descendo mansamente ao chão, como numa grande “matada”, ou ainda na explosão de uma malha da rede furada pela potência dos matadores, num misto de amor e raiva ao mesmo tempo, artesãos, magos, cientistas, salvadores de uma Pátria inteira calçada de chuteiras, num grito uníssono de gol !, golaço !!, golão!!!
Cego, em Futebol, é aquele que tem olho mas não enxerga a melhor jogada, nem vê a “cor da bola”.
Pereba, perna-de-pau, cabeça-de-bagre, é quem soltou pipa no ventilador, não sabendo quantos gomos tem uma bola, e joga mal. Antigamente os perebas viravam goleiros, hoje, viram dirigentes e empresários de Futchibóu, e ganham rios de dinheiro.