A Tirada

II – ANTECIPAÇÃO

         Vejamos, então, como chegar primeiro.

         Sabemos que, quando a equipe é atacada, o defensor tem de manter a posição básica “entre o adversário e o goal”, tomando em consideração o homem que lhe cabe marcar e também, é claro, em determinada circunstância, a posição da bola. Mas, desde que o marcador pressinta que o passe vai ser feito para o “seu homem”, imediatamente deve-se aproximar e tomar uma posição que lhe permita rodear o adversário e alcançar a bola antes deste, isto é, antecipar-se.

         Na figura I, encontramos três exemplos de antecipação.       Em A, vemos o jogador de camisa preta se apresta a antecipar-se num passe dado ao “seu homem”. Esta jogada é muito comum nas bolas de um “meia” para o seu “ponta” em que o marcador dêste se antecipa. A situação verifica-se também  nos cruzamentos, em que o marcador, de frente, pode pressentir com clareza a jogada e entrar no momento oportuno para cortar o passe.

         No exemplo B, vemos o marcador de camisa preta, 3, se aprestar para uma antecipação num passe dado diretamente por um adversário para o “seu homem”, o número 9. Esta antecipação não é fácil se o jogador que se marca é esperto e procura impedir a chegada do marcador que está diretamente atrás dele. Com uma obstrução legal. Entretanto, o defensor perspicaz pode prever o passe e chegar à bola antes de qualquer ação do jogador marcado. Além disso, no caso da obstrução, as Leis do Jôgo permitem, em tal situação o tranco pelas costas.

         No exemplo C, vemos o defensor de prêto, no. 2, antecipar-se numa bola alta, ao jogador número 11. Entre as muitas situações em que esta antecipação se verifica, está a que serve de exemplo, numa jogada entre o ponta esquerda branco, no. 11 e seu marcador, o número 2.

         Muitos outros exemplos poderiam ser apresentados.

         Como vimos, a antecipação é uma vantagem extraordinária para o defensor, pois lhe permite chegar primeiro à bola. Certos jogadores têm extraordinária intuição nestas jogadas que lhes permite prever o passe antecipadamente e, assim, movimentarem-se antes do homem a seu cargo em direção à bola. Esta era a maior virtude de Domingos da Guia e, cremos, a maior razão do seu extraordinário sucesso. Todavia, mesmo quando essa intuição não existe em um grau de tal forma desenvolvido, uma boa orientação pode fazer os jogadores melhorarem neste particular. A questão é fazer com que eles se habituem a se aproximar de seu marcado quando o passe é previsto, a fim de que possam tomar a frente no momento exato.   

         É preciso convencê-los de que o importante é chegar primeiro ou, quando isso não for possível, chegar ao mesmo tempo. Assim, o defensor estará sempre em condições de se impor ao atacante ou, pelo menos, oferecer a ele uma séria luta. É necessário lembrar-lhes que o jogador de defesa está sempre de gente para a bola e isto é uma vantagem enorme sôbre o atacante que, de forma geral, a recebe de trás. É preciso, portanto, fazer valer essa vantagem.

         O jogador brasileiro, leve e destro, é, sem dúvida alguma, excelente nas antecipações. Jogando dentro dos princípios da “Diagonal”, marca de perto e isso, via de regra, lhe dá vantagem para antecipar-se. Cremos que este tem sido o fator preponderante nas nossas vitórias sôbre equipes estrangeiras, principalmente as européias, de jogadores mais pesados. Quando os defrontamos, particularmente em terreno sêco, onde nos movimentamos com fàcilmente, êles ficam desorientados porque chegamos muito antes à bola e isto nos dá uma vantagem extraordinária.

Livreto em 5 partes:

I – DEFINIÇÃO

II – ANTECIPAÇÃO

III – O TRANCO

IV – A TIRADA (TACKLE)

V – JOGADAS DESLEAIS

ERNESTO DOS SANTOS:

Ernesto dos Santos

Atuação

Treinador(a)

Auxiliar Técnica(o)

Nascimento

15/04/1906

Portugal

Morte

Brasil

Observador técnico, isto é, “espião”, da Seleção Brasileira nas Copas de 1958, 1962 e 1966, teve papel fundamental na conquista do bicampeonato mundial. Foi o responsável por acompanhar e repassar os esquemas táticos e treinamentos dos adversários à comissão técnica brasileira, detalhando inclusive, as características técnicas de cada jogador estrangeiro.

P.S. – Escrito no bom Português da época 1956.

P.S. 2 — Ri quando li “Via de Regra”! O corretor do meu humilde Livro (Futebol, Arte e Oficio) Filólogo Edson Alves colocava um apêndice na expressão e colocava à mão: “Boceta”. Nunca mais usei!

P.S. 3 – Agradeço a Deus me proporcionar ter este Livreto durante minha simples trajetória como Treinador. Extrema valia!

P.S. 4 – Parabéns, Primos Amados Pat e Carlos Cesar pelos 33 anos de Casamento – Bodas de Crizopala – Crizopala ou Crizo ficou conhecida pelos gregos como PEDRA DE OURO.

P.5. 5 – Aniversariava a Mãe de meu Avô Julio Cesar Leal Neto, Anna Franca Leal, nascida em 1937.

By Jucele

Julio Leal

29 de Junho de 2024